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Muito Além da Íris: Mercado de Biometria Pode Chegar a Us$ 120 Bi em 2029

Apesar da repercussão polêmica em torno da startup de Sam Altman, Brasil possui outras empresas consolidadas; cumprimento a legislação é crucial para transparência

Mais de 60% dos brasileiros se preocupam com a coleta de dados biométricos, de acordo com o Comitê Gestor da Internet no Brasil. Isso explica, por exemplo, a repercussão, há algumas semanas, da popularização do serviço de coleta de dados a partir da íris da Tools For Humanity, startup de Sam Altman.

A empresa possui mais de 40 pontos de coleta em São Paulo e oferece aproximadamente R$700 em troca da coleta. Na semana passada, a Agência Nacional de Proteção de Dados (ANPD) abriu um processo para investigar a legalidade da empresa. Questionada a Tools for Humanity afirmou que a empresa “está totalmente em conformidade com todas as leis e regulamentações relevantes que regem o processamento de dados pessoais nos mercados onde opera”.

De acordo com o texto, os dados pessoais biométricos, tais como a palma da mão, as digitais dos dedos, a retina ou a íris dos olhos, o formato da face, a voz e a maneira de andar constituem dados pessoais sensíveis. Em entrevista exclusiva para a Forbes Brasil, Ronaldo Lemos alertou que a “coleta da íris é só uma dentre várias formas de escaneamento biométrico”.

O mercado de biometria no mundo movimentou US$60 bilhões. A estimativa da Mordor Intelligence é de que, em 2029, esse montante ultrapasse US$120 bilhões. Cálculos da FGV apontam que se a tecnologia de autenticação a partir da biometria fosse desligada, haveria perda de R$4,7 milhões por dia no PIB e R$1,6 bilhão em um ano.

De acordo com a Visa, em seu relatório de tendências divulgado no início de 2025, a biometria aparece como prioridade. “Senhas, perguntas de segurança e até números de cartão são usados há muito tempo pelos consumidores, e os fraudadores aprenderam a tirar vantagem dessas práticas. Hoje é cada vez mais no futuro, a autenticação se dará por meio de credenciais altamente seguras — rosto, digitais ou outros tipos de biometria”, diz o relatório.

“O serviço que a Tools of Humanity se propõe a prestar não é ilegal no Brasil. Há inúmeras outras empresas que certificam a identidade das pessoas online no país. Tanto é que precisamos fazer nossa biometria facial o tempo todo, seja no celular, em vários aplicativos ou em estabelecimentos. A questão é saber se a legislação brasileira está sendo seguida, o que inclui a Lei de Proteção de Dados e o Código de Defesa do Consumidor, especialmente depois que os dados são coletados”, destaca Lemos.

Consultada sobre a ação do governo, a Tools for Humanity afirmou, em posicionamento enviado para a Forbes Brasil que “a Fundação World está totalmente em conformidade com todas as leis e regulamentações relevantes que regem o processamento de dados pessoais nos mercados onde opera. Isso inclui, mas não se limita à Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (13.709/2018). Por meio do uso de tecnologia de ponta, o protocolo World define os mais altos padrões de privacidade e segurança e incorpora recursos avançados de preservação de privacidade”.

A Fundação World dá alta prioridade ao engajamento com indivíduos e organizações para responder a quaisquer perguntas que possam ter e garantir a transparência em nossas operações e continuará fornecendo todas as informações que lhe forem solicitadas, a fim de esclarecer e reforçar que não há risco à privacidade dos usuários do World ID

Coleta de íris


Uma dessas empresas mencionadas por Lemos é a carioca Valid. Atualmente, a companhia se denomina a maior em coleta biográfica e biométrica de cidadãos sendo responsável pela emissão de 80% das Carteiras Nacionais de Habilitação (CNH) e 65% das Carteiras de Identidade Nacional (CIN) anualmente. Questionado sobre boas práticas, Ilson Bressan, CEO, explica que para além do cumprimento da legislação brasileira, qualquer serviço passa por “assegurar o sigilo de dados pessoais, garantir a integridade de processos.”

Sobre coleta de iris no Brasil, Ilson explica que a empresa é agnóstica em relação ao uso de biometria, seja na característica, no equipamento para coleta ou no uso do dado. “Estamos constantemente avaliando a possibilidade de uso de novas biometrias, como íris, voz ou biometria palmar, e já realizamos diversos testes de escaneamento e coleta. Porém, apesar da íris ser parte da biometria oficial de alguns países como a Índia, por exemplo, no Brasil ela não é considerada oficial para a emissão de documentos nacionais. Portanto, apesar da íris ser uma opção segura de identificação, a Valid tem se debruçado na evolução nos métodos já reconhecidos no país, como impressões digitais e reconhecimento facial.”

Eduardo Coutinho, CEO da Montreal, explica que “embora a Montreal disponha da tecnologia e a biometria da íris tenha grandes atrativos, pela sua precisão e imutabilidade ao longo da vida da pessoa, a questão do sensor para captura da imagem é crítica, para ter uma boa imagem exige sensores invasivos, além de ser estranha para o cidadão comum. Usar o reconhecimento facial hoje é tão comum nos apps de banco que é praticamente despercebido no dia a dia. Nossa tradição de identificação baseada em impressão digital torna seu uso comum e ninguém reclama de colocar o dedo em um sensor de terminal bancário, por exemplo, ao contrário do que ocorre em outros países. Já os leitores de íris são intrusivos, em geral exigem o contato com o rosto para posicioná-lo corretamente e ter uma imagem completa. Praticamente no mundo a biometria da íris é coletada na Índia como alternativa para crianças ou pessoas com problemas de impressão digital, embora seu uso para certificação não seja comum”, explica.

Leia a matéria completa na Forbes

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